quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Reflexos da tecnologia no comportamento das pessoas

Notícia divulgada pela agência Reuters, na quinta-feira, dia 20 de setembro, mostra que americanos trocam amigos e a vida sexual pela internet. Navegar na internet tornou-se obsessão para muitos jovens e virou hábito na vida de muitos adultos. Segundo o estudo, a maioria dos adultos norte-americanos não pode ficar uma semana sem se conectar. Além disso, uma em cada três pessoas abre mão dos amigos e da vida sexual pela web.

A pesquisa ouviu ouviu 1.011 adultos nos Estados Unidos sobre quanto tempo eles ficavam bem sem entrar na Internet: 15% responderam um dia ou menos; 21% afirmaram dois dias; e 19% disseram alguns dias. Apenas um quinto dos entrevistados que participaram da pesquisa online, conduzida pela agência de publicidade JWT entre 7 e 11 de setembro, disseram que podem ficar uma semana sem se conectar.

Isto conduz a uma reflexão sobre como a tecnologia está mudando o comportamento das pessoas. Conforme um dos coordenadores da pesquisa, Ann Mack, "as pessoas se sentem desconectadas do mundo, dos amigos e da família. Ficam ansiosas, isoladas e entediadas quando são forçadas a ficar offline". Mais de um quarto admitiu gastar menos tempo se relacionando pessoalmente com outros indivíduos por conta do tempo que passavam na frente do computador, conectados. O levantamento também mostrou que uma parcela de 20% diminuiu a atividade sexual por causa da Internet.

4 comentários:

Luciana disse...

Jovens do Brasil são os que mais têm amigos virtuais

Uma pesquisa realizada em 16 países indica que os jovens entre 14 e 24 anos no Brasil são os que têm o maior número de "amigos virtuais" (pessoas com as quais se relacionam apenas pela Internet): 46, para uma média global de 20. O estudo foi realizado pela MTV Networks (que inclui os canais de televisão MTV e Nickelodeon) e pela Microsoft.

O objetivo foi avaliar o papel que a tecnologia tem na vida de 18 mil jovens de 8 a 24 anos. Na pesquisa, foram ouvidos jovens que têm acesso fácil à Internet, telefones celulares e pelo menos dois outros aparelhos eletrônicos.

O estudo aponta que os jovens têm, na média global, 94 contatos guardados no celular, 78 na lista em programas de mensagem instântanea e 86 em sites de relacionamento como o Orkut. Os dados foram divulgados pela BBC Brasil.

Carlos Spohr disse...

Há uma coisa interessante por trás destes dados todos. A necessidade de sociabilização é inata ao ser humano, assim como comida, água e sexo, faz parte do instinto. Na Grécia as pessoas sentiam necessidade de ir às praças públicas. Na Idade Média, às festas de colheia, quermesses e à igreja. Enfim, quando tu insere uma tecnologia que insere comodidade na sociabilização, as pessoas viciam mais. E há um paradoxo aí, por que as pessoas podem estar se comunicando mais (de fato), mas está havendo um processo de dessociabilização, porque não há mais volume e profundidade nas relações, elas estão fazendo o processo inverso da natureza humana, e é aí que pode estar a causa de toda a paranóia. Aconteceu na Bósnia: duas pessoas se conheceram numa sala de chat e passaram a dilogar frequentemente, trocando cada qual queixas da sua vida conjugal, entre outras cossitas. Marcaram o encontro depois de certo tempo, e chegando ao local combinado, estavam marido e mulher frente a frente. O processo de divórcio já está em andamento.

Luciana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luciana disse...

Muito boa essa!
Mas creio que estamos diante de vários paradoxos. Concordo que as pessoas se comunicam mais, porém, no exemplo do casal, será mesmo que na comunicação via internet não há profundidade nas relações?
Analisando o exemplo, vejo a necessidade de refletir justamente sobre o contrário. Como pode o casal, que vive dentro da própria casa, numa relação face a face diária, não ter diálogo e não abrir o coração para as suas necessidades? E, ao mesmo tempo, numa relação com um estranho, sentir-se a vontade, para avançar na profundidade das questões inerentes à sua intimidade? Porque creio que só marcaram o encontro porque pareceu terem afinidades e problemas comuns. Por que não conseguiram resolver assim (no contato pessoal) e viram na internet um meio de satisfazer estas necessidades?
Analisando por este aspecto, talvez a internet permita mais intimidade e diálogo, porque é possível falar com menos medo de tabus e da própria sociedade. Talvez a internet seja um lugar onde pode tudo, onde a responsabilidade sobre nossos atos é menor, mas, ao mesmo tempo, um local onde posso ser mais eu e me sinto mais à vontade para expressar sentimentos e idéias.
Será?
Mas, mesmo assim, avançamos e sentimos falta do abraço, do contato humano, porque somos seres humanos. Porque a máquina ainda não pode satisfazer esta necessidade. Por enquanto...

Se queremos ser lidos através da internet, precisamos realmente refletir sobre estas questões e paradoxos.