segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Sobre a credibilidade jornalística

Muito, mas muito importante o post o Diogo, basicamente porque traz à aula - e para além dela - uma discussão por demais contemporânea: a questão da credibilidade no jornalismo em base digital.
Vamos analisar a postura do Estado de S. Paulo frente aos blogs: mais que mera antipatia, quer me parecer que seja uma reação natural entre o que é antigo e o que é novo. Ou seja, o ESP, de uma forma ou de outra, sente-se ameaçado (também) corporativamente pelas novas formas de jornalismo e, ao fazê-lo, ataca no lugar de tentar compreender e avançar, como seria de se esperar de um veículo com esta importância e projeção.
Se observarmos, por outro lado, como se construiu o conceito de credibilidade, veremos que esta postura pode ser compreendida, ainda que criticada no que ela tem de reducionista.
O conceito de credibilidade jornalística, espinha dorsal da profissão, tem sua origem em algum lugar do século 17, quando os jornais, livres da censura, passaram a circular sistematicamente, adquirindo periodicidade e estabelecendo vínculos mais estreitos com as comunidades em que se inseriam. Tornando-se, assim, jornais.
O constructo é caracterizado, entre outros, pela
a) força dos argumentos;
b) pelo reconhecimento da autoridade do autor destes argumentos,
c) pela evidência de se tratar de um algo elaborado por um ou mais agentes com acesso ao momento em que as ações/decisões ocorrem,
e, finalmente,
d) pela aceitação, ainda que difusa, de sua isenção (distanciamento dos interesses), que se relaciona a seu acesso ao fato como observador.
Observe-se que o conceito de credibilidade acima descrito aplica-se principalmente a jornais impressos, revistas, rádios e televisões; suportes que operam com uma lógica operacional em que a referencialidade é externa. Ou seja, onde o escopo; o alimento encontra-se em algum lugar para além das redações. É preciso, portanto, buscá-lo; elaborá-lo; para somente então torná-lo um produto jornalístico.
Ocorre que, com a expansão da rede como suporte para a atividade jornalística – e os webjornais parecem ser a face mais visível deste momento evolutivo, particularmente nos links onde as notícias são atualizadas constantemente –, esta lógica, de matizes produtivas – mas também culturais –, sobretudo próprias da modernidade, começa a sofrer alterações substanciais. Basicamente porque a internet representa um espaço diferenciado dos demais.
E é justamente neste ponto que, penso, devemos fixar nossa atenção: na diferença, antes como elemento de constituição identitária do que como forma de diferenciação/sobreposição.
Diogo, meu bom amigo, vamos aproveitar para, sempre que postarmos algo, disponibilizarmos também um link para a fonte da notícia, explorando, assim, a potencialidade do suporte.
Grande abraço!

3 comentários:

Diogo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Demétrio de Azeredo Soster disse...

Falha minha...
Escrevi Nicole basicamente porque o aviso de novo post que chegou ao outlook se referia à Nicole, mas este dizia, claro, respeito a outro comentário dela.
Bueno, peço desculpas.
O problema já foi corrigido.
De qualquer sorte, muito bom - porque relevante - seu comentário, garoto.

Anônimo disse...

sobre a credibilidade na web: com certeza muita coisa publicada carece de sustentação. Mas assim como aconteceu com os jornais, TV e rádio, a credibilidade vai sendo construída com o passar do tempo. Alguns veículos internéticos (entre eles blogs) começam a ganhar destaque em função do seu histórico. E como comentava outro dia, especialmente os blogs e sites com espaço para comentários permitem o questionamento dos leitores a informações duvidosas. Outra característica da internet, é permitir que imediatamente um leitor interessado no assunto possa procurar outras fontes que confirmem ou não uma determinada informação.